domingo, 19 de março de 2017

há vinte anos










sinto o sexo túrgido dele, enquanto me abraça. aceito o abraço e tento criar um espaço que não existe entre os nossos corpos para me livrar daquele desconforto, daquela repulsa.
há vinte anos que ele é apaixonado por mim. há vinte anos que eu me esquivo, escudada pelo casamento dele. há vinte anos que sei que a um sinal meu ele largaria a sua família equilibrada e tradicional.
há vinte anos que aquele homem defende-me acerrimamente de todas injustiças, e há vinte anos que o rejeito.